quarta-feira, 4 de novembro de 2009

QUIMICA E APARENCIA 2




Sabão e detergente
A água, mesmo sendo um agente de limpeza, nem sempre consegue tirar as sujeiras das nossas roupas, pele e louças. Principalmente quando estas estão com gordura ou oleosidade. Isso porque a água e o óleo não se misturam. Por isso do uso de sabões, sabonetes e detergentes, para unir as partículas de gordura às moléculas do sabão e assim serem removidas com a água.

Depois da lavagem, a água que contém sabão (sabonete ou detergente) e sujeira é escoada por meio de esgotos até lagos, rios e reservatórios. Na água, há microorganismo que decompõem os surfactantes de cadeias não ramificadas, chamados de biodegradáveis, ou seja, que não causam grandes alterações no ambiente. Porém, os primeiros detergentes produzidos eram de cadeias ramificadas, o que dificultava a decomposição pelos microorganismos da água e formava uma camada de espuma nos rios ou lagos. Na década de 60 é que as indústrias, por meio de leis, começaram a produzir detergentes com cadeias retas (não ramificadas).

Nos detergentes normalmente encontramos o trifosfato de pentasódio, o qual contribui para a dispersão da sujeira na água. Assim, esse composto origina os íons fosfato nos rios e lagos. Esse íon é um nutriente essencial para o crescimento das plantas, como algas. E com o uso intenso detergentes, a quantidade desse íon tem aumentado na águas, o que faz crescer o número de algas e outras plantas aquáticas. Além disso, o gás oxigênio dissolvido na água é utilizado por essas plantas, diminuindo a sua quantidade na água e provocando desequilíbrios na vida dos animais aquáticos.

A pele

A pele é responsável pela termorregulação, pela defesa, pela percepção e pela proteção. Ela apresenta 3 camadas: a epiderme – camada mais superficial –, a derme – camada intermediária – e a hipoderme – camada mais profunda composta pelo tecido conjuntivo que envolve as células gordurosas (adipócitos).

Na derme encontramos várias estruturas, dentre elas as glândulas sudoríparas, os pêlos e as glândulas sebáceas. As glândulas sudoríparas eliminam o suor e são classificadas em écrinas – composto de água, cloreto de sódio, uréia e sais de ferro e de potássio – e em apócrinas – as quais contém proteína, ácidos graxos, açúcares e amônio.

Os pêlos são constituídos por queratina e atuam na proteção e na redução do atrito e contribuem na sensibilidade da pele. Eles também podem estar associados às glândulas sebáceas, formando o conjunto chamado de aparelho pilossebáceo.

As glândulas sebáceas são as que originam a oleosidade da pele proveniente da secreção do sebo, tendo como ação a proteção contra micro-organismos e a perda excessiva de água. Um dos problemas relacionados à essa glândula é a ocorrência de acne que, devido ao aumento da produção de sebo e do número de células na parte interna do canal polissebáceo, acaba obstruindo o folículo polisebáceo. A acne está relacionada com a puberdade, quando ocorre um aumento na produção de hormônio sexuais e na quantidade de micro-organismos da face.

Outro problema comum com o aumento de produção de sebo é a dermatite seborréica. Ela ocorre em áreas ricas em glândulas sebáceas, como couro cabeludo, sobrancelhas e laterais do nariz, geralmente em lactentes e em adultos. A causa está associada à presença de fungos, ao uso de produtos químicos (detergentes, xampus, sabonetes) e à fatores emocionais (estresse, por exemplo).

A pele pode ser ainda dividida em 3 tipos. A pele normal que apresenta um aspecto saudável. A pele seca, a qual apresenta um aspecto ressecado com rachaduras, por consequência de alguma agressão externa, como agentes químicos, radiação solar, frio ou excesso de calor. E a pele oleosa, que tem um aspecto brilhante por conta da maior produção de sebo, frequentes na puberdade. Está associada à acne e à dermatite seborréica.

Mas para ter uma pele normal, saudável, é necessário limpá-la, hidratá-la e protegê-la bem, pois ela é recoberta por células mortas, suor, bactérias, que dão origem a substâncias de odor desagradável, como os ácidos graxos de baixa massa molar. Parte dessa camada oleosa é retirada com a ajuda de um sabonete durante o banho. Porém o seu uso excessivo pode retirar grande parte da camada de gordura, tornando a pele seca. Por isso é que são adicionadas glicerina e outras substâncias, para repor a parte da oleosidade da pele.

Outro problema com o uso excessivo do sabonete é a alteração do pH da pele, o qual é de 5,5. Ele pode elevar o pH da pele e favorecer a proliferação de bactérias na pele, já que seu pH é em torno de 10,5. Por este motivo o recomendado é usar sabonetes líquidos neutros (pH = 7) ou próximos oa pH da pele.

Os desodorantes e os antiperspirantes também ajudam na limpeza da pele. Os desodorantes agem no controle das bactérias que causam odor, mascarando o mau cheiro. Eles contém na maioria o triclosan, que inibe o crescimento das bactérias. Também podem apresentar outros componentes, por exemplo, o álcool etílico e essências. Os antiperspirantes inibem a transpiração e mantêm o corpo relativamente seco. O componente mais importante é o cloridrato de alumínio [Al2(OH)5Cl]. Essa substância torna o meio básico o que provoca a morte de bactérias que causam o odor desagradável de suor.

Para a proteção da pele contra agentes externos, como contra o envelhecimento precoce da pele, causados particularmente devido as radiações solares ultravioletas (UVA, UVB E UVC), há os protetores solares. Esses raios tem efeito acumulativo e além de envelhecimento precoce, também causam câncer de pele. Para evitar os efeitos nocivos deles, utilizam-se protetores solares com filtros mecânicos – utilizando o óxido de titânio (TiO2), absorve e reflete os raios ultravioletas – e filtros químicos – que absorvem os raios UVA e UVB, sendo atualmente usado os derivados do ácido cinâmico e da benzofenona. FPS, sigla que contém nos rótulos dos protetores, significa fator de proteção solar. Isso indica quanto tempo a mais uma pessoas pode ficar exposta ao sol, sem sofrer queimaduras, em relação ao tempo que poderia ficar sem usar o protetor solar. Eles variam entre 2 e 30.

Já a hidratação da pele fica por conta dos produtos umectantes, responsáveis pela retenção de água na pele, evitando sua perda excessiva. Muitos deles interagem com a água por pontes de hidrogênio, como a glicerina e o colágeno.

Podem ocorrer algumas alterações na pele, como queimaduras e tatuagens. As queimaduras são oriundas de agentes físicos tais como temperaturas elevadas ou abaixo de 0º C, de agentes químicos ou por ação de corrente elétrica excessiva. São 3 graus de queimaduras existentes. A de 1º grau é quando só é comprometida a epiderme. Isso geralmente ocorre quando ficamos expostos à luz do Sol, em que a pele fica vermelha e dolorida. Após alguns dias a pele descama e não fica cicatrizes.

A de 2º grau é quando compromete a epiderme e parte da derme. É o que acontece quando cai água ou óleo fervendo. Daí forma-se uma bolha e a pele demora de 10 a 35 dias para se regenerar. Não deixa cicatrizes.

A de 3º grau é quando compromete a epiderme, a derme e a hipoderme. Dependendo da extensão da queimadura, pode deixar cicatrizes. E se ocorrer nas regiões articulares, é capaz de causar limitação dos movimentos.

Já as tatuagens são feitas como uma forma de expressar personalidades, crenças, gostos e até para se diferenciar na sociedade. Elas podem ser temporárias e definitivas. Para fazer as tatuagens temporárias, utiliza-se a substância chamada hena, uma planta originária da Índia e de países do Oriente Médio. A hena natural é de coloração marrom ou ferrugem, e não é tóxica. Já a alteração para obtenção de outras cores é nociva, pois é adicionado carbono ou outra substância contendo chumbo e mercúrio.
















As tatuagens definitivas usam uma técnica que consiste em introduzir na derme, com a ajuda de agulhas, pigmentos coloridos, os quais ficam retidos nas células da derme de maneira permanente. O processo é doloroso e pode transmitir doenças, como hepatites B e C e AIDS, caso não se use agulhas descartáveis. Essas tatuagens só podem ser removidas por laser, mesmo assim ainda fica uma cicatriz.

A maquiagem definitiva também é um tipo de tatuagem. Nela, é usa-se sais de ferro. Deve ser utilizadas agulhas de dermopigmentação descartáveis, para não ocorrer contaminação e reações alérgicas.

O cabelo





O cabelo é considerado um pêlo presente no couro cabeludo, constituído por três partes: a medula – parte central do cabelo –, o córtex – parte intermediária, que age na elasticidade e na cor do cabelo – e a cutícula – parte externa do fio, que faz a sua proteção.

Existem 3 tipos de cabelos: normal, seco e oleoso. É considerado cabelo normal o que apresenta fios macios, firmes, com brilho e volume adequados.

Seco é o tipo de cabelo que tem um aspecto ressecado, estirado, quebradiço e sem brilho, decorrentes por disfunção das glândulas sebáceas ou por agentes externos (clareamento, loções alcalinas, etc.). No tratamento é utilizado compostos derivados de gorduras (lanolina), ácidos orgânicos (ácidos acéticos, lático e cítrico), vitaminas entre outros.

Cabelos Oleosos são os que apresentam secreção excessiva das glândulas sebáceas e sudoríparas.


Para a limpeza dos cabelos, foram desenvolvidos os xampus e os condicionadores. Os xampus removem o excesso de gordura do cabelo e a sujeira que fica no couro cabeludo, tendo também a função de tratá-los. Um dos componentes mais importantes dos xampus são os surfactantes, que eliminam a oleosidade. Existem dois tipos de surfactantes: os não iônicos (neutros) e os iônicos. Este último ainda se subdivide em três tipos: os aniônicos, os anfotéricos e os catiônicos. Geralmente, o surfactante mais usado nos xampus é o aniônico. Entre os mais comuns temos o lauril ou dodecilsulfato de sódio. Entretanto, como a espuma formada por esse surfactante se desfaz rapidamente, é adicionado a ele um tensoativo (surfactante) não-iônico, para uma maior obtenção de espuma, formada por pequenas bolhas.

Nos xampus ainda são encontrados espessantes – têm a ação de aumentar a viscosidade e facilitar a aplicação do xampu, como o cloreto de sódio (NaCl) e os alginatos –, sobreengordurantes – lanolina e dietanolamida, que repõem parte da gordura removida pelo tensoativo – e estabilizador de pH – mantendo o xampu entre 5,5 e 5,6 de pH, como é o caso do ácido cítrico.

Os xampus mais comercializados são para cabelos secos, normais e oleosos. Os xampus medicinais apresentam composições específicas para cada problema. Como por exemplo, nos xampus anticaspa encontramos própolis, ácido salicílico, salicilatos, sais de selênio, zinco, cobre e enxofre.

Os condicionadores também são usados para limpar os cabelos. Eles são usados para diminuir ou até eliminar a repulsão entre os fios, pois quando não enxaguamos adequadamente os cabelos para tirar o xampu, este fica aderido nos fios com cargas negativas, ocorrendo a repulsão dos mesmos. Normalmente, os condicionadores contêm surfactantes catiônicos de sais quaternários de amônio, que apresenta cargas positivas, neutralizando as cargas negativas depositadas nos cabelos.

Já a cor do cabelo fica por conta da combinação dos quatro tipos de melanina, proteína presente no córtex dos fios. A cor do cabelo também é associada à cor da pele, como por exemplo: pessoas de pele escura têm cabelos castanho-escuros ou pretos; e pessoas de pele clara têm cabelos castanho-claros, ruivos ou loiros. Com o decorrer da idade, há o aparecimento de fios brancos, por causa da diminuição de pigmentação na haste do cabelo.

Enquanto a melanina cuida da cor do cabelo, a queratina cuida do brilho dele, formando placas que se dispõem de maneira organizada e refletem a luz. Qualquer alteração, como variação de pH e exposição excessiva ao sol, diminui sua capacidade de reflexão da luz e provoca perda do brilho dos fios.

Para alterar a pigmentação do cabelo são utilizadas geralmente tinturas de origem vegetal e também de sais de metal, que podem ser tóxicos. Há várias razões para tingi-los: esconder fios brancos, mudar a cor original, compor um personagem (como é o caso de atores e atrizes), etc.

Existem tinturas temporárias, progressivas, semipermanentes e permanentes. As temporárias são feitas a partir de ácidos de alta massa molar. Usada geralmente para cobrir cabelos grisalhos ou mudar temporariamente a cor, pois não penetra na fibra dos fios, saindo com o uso de xampus.

Nas tinturas progressivas, utilizamos soluções aquosas de sais metálicos, como o acetato de chumbo, feito para escurecer cabelos grisalhos, pois o chumbo une-se com o enxofre disperso, formando o sulfeto de chumbo, que é pouco solúvel na água. Este tipo de tintura permanece por mais tempo do que as outras.

As tinturas semipermanentes são aplicadas junto com o peróxido de hidrogênio (H2O2). Elas penetram parcialmente nas fibras do cabelo, permanecendo por mais tempo do que as temporárias. A cor é formada com a oxidação do pigmento com o oxigênio do peróxido de hidrogênio, em meio alcalino.

E as tinturas permanentes também estão associadas com o peróxido de hidrogênio. Este tipo de tintura é formado a partir de moléculas pequenas e com grande facilidade de penetração no cabelo. Ao sofrer a oxidação com o peróxido de hidrogênio, ocorre a união dessas pequenas moléculas, originando grandes estruturas moleculares.

O clareamento também é uma forma de mudar a cor do cabelo, por meio da oxido-redução. Ele é feito a partir da dissolução do peróxido de hidrogênio em solução de amônia com pH maior do que 9. Assim, as cadeias de melanina são degradadas, dando origem a moléculas de baixa massa molecular, com coloração menos intensa. Além disso, há a quebra de proteínas do cabelo, tornando-o mais fraco e quebradiço.

Além da cor do cabelo, podemos alterar também o seu formato (liso, ondulado ou cacheado). Ele depende da combinação de diversas forças que atuam na queratina: pontes de dissulfeto e pontes de hidrogênio (as duas mais importantes). O permanente é uma forma de alteração do cabelo. Para isso, aplica-se uma loção de ácido tioglicólico no cabelo (agente redutor), que quebra as pontes de dissulfeto e separa as cadeias da queratina. Em seguida, enrolam-se os cabelos em bóbis, a fim de dar-lhes um formato enrolado, e aplica-se um agente oxidante, que regenera as pontes de dissulfeto nesse novo formato.

Os dentes

Os dentes são estruturas mineralizadas, esbranquiçadas e resistentes, presentes na mandíbula e nas maxilas. Anatomicamente, são formados por três partes: coroa (parte externa do dente, responsável pela mastigação e revestida pelo esmalte), colo (região de transição entre a coroa e a raiz) e raiz ( parte interna do dente, o qual suporta o impacto da mastigação).
















Estruturalmente, são formados por esmalte, dentina, polpa e cemento. A dor da cárie é originada pelas terminações nervosas que estão na polpa e na dentina. A dentina é responsável pela dor ao comer doces e alimentos frios/quentes; já a dor na polpa é mais forte, espontânea e pulsátil.

A limpeza dos dentes já era uma preocupação para os egípcios antigos, que usavam uma mistura abrasiva de pedra-pomes pulverizada – constituída por óxido de silício (SiO2) e óxido de alumínio (Al2O3) – e vinagre. Para aplicá-la, os nobres utilizavam uma escova feita de pêlo de cavalo e os pobres, pequenos ramos de árvores ou os próprios dedos.

Os chineses antigos faziam uma mistura de cinza de ossos de boi, casca de ovos em pó – feita de carbonato de cálcio (CaCO3) – e arroz triturado em pó.

Hoje em dia, utilizamos creme dental. A sua espuma é constituída por laurilsulfato de sódio, mas ela não é a única responsável pela limpeza dos dentes. Para que a limpeza seja eficiente, é preciso que haja um abrasivo no creme dental.

A cárie é originada pela dissolução da hidroxiapatita (ou desmineralização), o qual constitui o esmalte dos dentes. Esse sal é duro, praticamente insolúvel em água, mas pode ser atacado por ácidos. Com as proteínas existentes em nossa saliva, é formada uma camada imperceptível sobre os dentes, denominada de placa bacteriana ou biofilme, onde se acumulam diversas bactérias. Essas mesmas bactérias, ao metabolizar os açúcares que consumimos, produzem ácidos (como o ácido lático), os quais atacarão os dentes e dissolverão o esmalte, provocando a cárie.

Por isso é importante a participação dos abrasivos nos cremes dentais (CaCO3 e SiO2).

Já o tártaro forma-se da placa bacteriana não removida, e só pode ser removido pelo dentista.

Para proteger ainda mais os dentes da ação dos ácidos, em muitas cidades há sais de flúor presentes na água tratada, como por exemplo: o monoflúor fosfato de sódio – Na4(PO4)F – e o fluoreto de sódio – NaF. Eles são encontrados também em produtos odontológicos e em cremes dentais. O flúor transforma a hidroxiapatita em fluorapatita [Ca5(PO4)3F], que é menos solúvel em água e mais resistente ao ataque de ácidos. Assim fortalece o esmalte dos dentes. Normalmente, há 1500 ppm de flúor nos cremes dentais, ou seja, 1500 gramas de flúor em 1 000 000 gramas de creme dental.

Além desses tipos de cremes dentais, há ainda os com ação clareadora, que contêm água oxigenada, e os que diminuem a acidez da boca, contendo bicarbonato de sódio ou hidróxido de magnésio.

Mas o que importa mesmo é a escovação adequada dos dentes (ao acordar, após as refeições e antes de dormir) e o uso do fio dental.

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